sexta-feira, 15 de agosto de 2008

BANDA QUIXANAYAH: Alma de Quixabeira

Quixanayah: Alma de Quixabeira


Somos seis (06) irmãos: Dedé(voz e guitarra), Vui( percussão e vocal), Adão(guitarra solo e vocal), Jandir(bateria), Jorge(teclado e vocal) e Gilcimar(contrabaixo), filhos de mesmos pais, trabalhadores rurais da zona rural de Coité que sentindo a necessidade de uma transformação social, política, cultural e racial, viu na música ,uma saída para enfrentar os problemas do dia-a-dia.
Moramos na comunidade do Açude Itarandí situada a mais ou menos cinco (05) quilômetros da cidade, cuja fonte de renda era o basicamente o cultivo de hortaliças, um lugar extremamente castigado pelo poder público municipal, mas, que mesmo assim, as pessoas ainda tem força , esperança e fé num futuro melhor.
Em Coité já havia muitos comentários sobre a necessidade de se formar uma banda de Reggae, pois o número de regueiros e simpatizantes era grande, já existindo alguns grupos de regueiros que se reuniam semanalmente para curtir um Roots Reggae.Vale lembrar que, o cenário musical coiteense já vinha dando sinais de mudança, como exemplo, a banda Dinastia Salomônica em 2005.
Banda Quixanayah, inicialmente, era composta por quatro (04) menbros,(Dedé, Vui, Jandir e Adão) , isto no final de 2007, sendo que, no início de 2008, houve a entrada do quinto menbro (Jorge) e, em seguida, no final de 2008, chega o sexto, que é o Gilcimar.
Nossos ensaios acontecem num espaço, que ironicamente, ou não, era um criatório de porcos que, não dando resultados, foi transformado em espaço musico-cultural. Nós já temos algumas composições próprias, como: "Como pode haver ", Reggae é de paz", entre outras, e já conseguimos gravar, com todas as dificuldades, nosso primeiro CD, contendo 13 músicas(6 composições próprias, 7 composições não-próprias), trabalhando na fase final do próximo CD.
Começamos a tocar em público, somente em julho de 2008, e não por acaso, em nossa comunidade. Fizemos algumas apresentações também importantes, como no 5 Aniversário da Revolution Reggae(05/09/08), Festa da Padroeira 2008(28/11/08), no 5 Acampamento da Juventude Rural(25/10/08), Aniversário da Camunidade de Nova Palmares(assentamento) no dia 12 de outubro de 2009, Micareta 2009(02/05/09), entre outras. Contamos com o apoio fundamental de nosso pai (seu Teté), e nossa mãe (dona Teresa), nossos irmãos (apenas 12), nossa comunidade(algumas pessoas), parceria com o nosso 'irmão' Jurandi com a Agência Luz Divina (gravações e produções), apoio moral e espiritual do nosso 'irmão' de coração, Irmão Jó e sua familia e o 'irmão' Vailson e família, pessoas das periferias de Coité (idosos, jovens e crianças) e, principalmente com a força do Nosso Senhor YESHUA, JAH(Jeová) . O nosso "som" é o Reggae Raíz, música de resistência, com letras de protesto social, político, racial e cultural, enfocando também, a questão regional.
Nossa música é um resgate de nossa história, de nossa auto-estima.
É a luta pelo direito é Vida, é Dignidade, é Liberdade...
Batida do coração, a pulsaço de JAH RASTAFARI !!!

terça-feira, 22 de julho de 2008

Quando Bob Marley veio ao Brasil...

Bob Marley, Junior Marvin (guitarrista dos Wailers), Jacob Miller vocalista do Inner Circle), Chris Blackwell (diretor da Island Records) e a esposa Blackwell, Nathalie, vieram ao Brasil em um jato particular para participar da festa que inaugurou as atividades do selo alemão Ariola no pais. A Island, gravadora original dos Wailers, era então um selo da Ariola. Bob interrompeu as sessões de gravação que resultariam no álbum 'Uprising' para vir ao Brasil. Na descida em Manaus, para reabastecimento, o jato ficou retido por algumas horas. O governo militar certamente não estava vendo com bons olhos a vinda daquela comitiva enfumaçada. Depois de alguma negociação as autoridades acabaram cedendo, mas sem liberar vistos de trabalho, o que desestimulou os que pensaram em improvisar uma apresentação deles em solo brasileiro. Depois ainda desceram em Brasília e rapidamente decolaram em direção ao Rio de Janeiro.Chegaram no aeroporto Santos Dumont às 18h30m do dia 18 de março, terça-feira. Logo foram cercados pelos repórteres. Bob era mais conhecido na época por ser o autor de "No Woman No Cry", música que havia vendido 500 mil copias na versão de Gilberto Gil. Suas primeiras declarações foram sobre a música brasileira: "O samba e o reggae são a mesma coisa, tem o mesmo sentimento das raízes africanas". Sobre Jah, o Deus do rastafarianismo ele apenas disse: "É como o seu Deus, pouca gente O conhece". Cansado da viagem, o grupo rumou logo para o Copacabana Palace, onde ficariam hospedados.No dia seguinte, pela manhã, eles trataram de dar algumas voltas pela Cidade Maravilhosa fizeram questão de conhecer a favela da Rocinha, que acharam bastante parecida com os guetos da Jamaica. Como não haviam trazido um cozinheiro para Ihes preparar a comida I-tal - cozinha natural seguida pelos rastafaris - Bob, Junior e Jacob só se alimentaram com sucos de frutas. Segundo um acompanhante brasileiro, cada um bebeu quinze copos de suco e Bob gostou mais dos de manga e maracujá. Depois os três partiram para as compras e percorreram as lojas de material esportivo atrás de uniformes e outros equipamentos. Os instrumentos musicais também não foram esquecidos e os três rastas levaram violões, maracas, atabaques e cuícas. Os artigos esportivos tiveram a sua estréia no famoso jogo no campo de Chico Buarque.O trio jamaicano chegou as 16hOO no km 18 da Avenida Sernambetiba - três horas atrasados - quando os funcionários da Ariola jogavam animadamente contra alguns dos contratados da gravadora no Brasil, como o anfitrião Chico B u a r q u e, Toquinho, Alceu Valença e outros. Logo que eles chegaram os times foram rapidamente rearrumados e ficaram assim: Bob Marley, Junior Marvin, Paulo César Caju, Toquinho, Chico e Jacob Miller de um lado; e do outro Alceu Valença, Chicão (músico da banda de Jorge - ainda Ben) e mais quatro funcionários da gravadora. Antes de começar o jogo Bob ganhou uma camisa 10 do Santos e sorriu, dizendo "Pelé" para depois explicar que jogava em qualquer posição. Mas ele foi mesmo para o ataque e o placar foi de 3 a 0 para o seu time, com gols dele (documentado pela TV - veja foto desse jogo abaixo), de Chico e de Paulo César. Este, que jogou na copa de 70, foi o mais festejado por Bob, que lhe disse: "Sou fã de seu futebol", ao que Paulo César respondeu, "E eu, de sua musica". Bob lembrou o campeonato mundial que marcou a ilha do reggae: ''Rivelino,Jairzinho, Pelé... o Brasil é o meu time. A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil". Mas a principal razão para a vinda dos jamaicanos era a big festa da gravadora e logo que o jogo acabou eles voltaram para o hotel.A festa no alto do Morro da Urca foi no mesmo dia - 19 de março - e teve mais de 1000 convidados e penetras, com direito a engolidor de fogo, cartomante e fogos de artifício. Bob Marley chegou com os amigos às 22h00, e foi logo para um camarote. Tranqüilo, apesar de muito assediado, conversou com Moraes Moreira, Marina e com os participantes do jogo As pessoas estranhavam o fato de ele não beber, o que era explicado por suas convicções rastas. Baby Consuelo, que havia feito uma versão de "Is This Love", tentou ir lá cumprimentá-lo mas não conseguiu. Depois dos discursos dos diretores da gravadora ele se afastou para assistir a apresentação de Moraes Moreira, que começou às 24h00 e fez a pista de dança encher. A agitação foi tanta que Bob deve ter percebido o significado da expressão "Rio Babilônia". A esperança geral era de que ele desse uma canja. Moraes chamou Baby no palco para cantar a sua versão e talvez fazer Bob se decidir. Mas nessa hora ele já estava se levantando e arrastando repórteres, fotógrafos e curiosos à sua passagem, falando com os jornalistas enquanto se encaminhava para o bondinho.Na manhã seguinte estava programada uma coletiva para a imprensa que acabou sendo realizada às pressas pois os jornalistas chegaram atrasados e a partida de Bob e sua comitiva estava marcada para as 16h00. Sobre os brasileiros ele disse:"É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo e feeling, não só no andar, mas no falar e no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer uma de suas manifestações''. Para ele a mensagem do reggae tem grande importância, pois "os músicos devem ser porta-vozes dos grandes contingentes oprimidos. No nosso caso, a responsabilidade é maior por causa das nossas crenças religiosas. A própria filosofia do reggae explica tudo isso. O reggae surgiu do gueto e sempre foi fiel às suas origens, levando ao mundo uma mensagem de revolta, protesto e reinvindicação''. O mundo à sua volta é percebido em cores fortes."O Apocalipse está nas ruas, no dia-a-dia de cada um. É o meu povo que sofre, o povo da rua, o pobre. É dele que estou falando". No entanto ele se mostrava profético em seu otimismo sobre o futuro do reggae: "o reggae não é nenhuma moda, agora está havendo um revival do ska (ver Skarcéu) e quem está ouvindo essa musica é a geração jovem, até brancos. Isso é salutar como uma semente bem regada, não é uma moda. Isso vai crescer. Espere só, mon". Bob Marley e amigos partiram na mesma tarde do dia 20 de março, quinta-feira, para a Jamaica.Junior Marvin contou ao Massive Reggae que durante essa viagem Bob começou a compor várias músicas que ficariam inacabadas. Contou também que eles planejavam incluir o Brasil na turnê mundial que aconteceria no segundo semestre de 80 e o Inner Circle iria abrir os shows, o que foi citado por vários jornais da época. No entanto, dois dias depois de voltar à Jamaica, no dia 23 de março, Jacob Miller morreria num acidente de carro em Kingston. No final, do mesmo ano, Bob Marley sentiu de maneira contundente os sintomas da doença que o levaria em maio de 81.O sonho de uma apresentação de Bob Marley no Brasil jamais se concretizou, mas ao menos tivemos a oportunidade de conhecer outro lado de suas personalidade, mostrando que longe dos palcos e dos estúdios ele era apenas uma pessoa como qualquer outra. Todos os jornais que cobriram sua visita destacaram o fato de que ele se mostrava sempre acessível e disposto, sem traço de estrelismo. Esta vinda ao Brasil foi ofuscada na biografia de Bob Marley pela apresentação na festa da independência cdo Zimbabwe, que aconteceria menos de um mes depois. Mas para quem sente a sua música bater com toda força sem causar dor, esta é uma lembrança inestimável.As declarações de Bob Marley foram dadas aos seguintes jornais: Jornal do Brasil, O Globo, Folha de São Paulo, Jornal da Tarde. Colaboração: sr. Yassuo Ono, sra Helena Faria (arquivo JB), sr. Geraldo Carvalho.Este artigo foi traduzido para a língua inglesa e publicado na revista The Beat e no jornal Reggae Roots International. fonte: http://paginas.terra.com.br/arte/massivereggae/index.ht